Veja as mudanças no Edifício Vital Brazil, que passou pelo processo de retrofit e teve suas esquadrias recuperadas
*Por Stephanie Fazio
Divulgação: Effect Arquitetura/Assessoria dc33 Comunicação
Construção centenária e cartão-postal para os visitantes do Parque da Ciência, do Instituto Butantan, é assim que o Edifício Vital Brazil é conhecido. A obra passou por um longo e cuidadoso processo de retrofit, modernizando o local, sem perder suas características históricas, previsto no Plano Diretor do Instituto, que abriga a Biblioteca Científica do Butantã, reaberta ao público com muitas novidades, e novas áreas voltadas a pesquisas, estudos e socialização.
Inaugurado em 1914, com projeto do arquiteto e engenheiro Mauro Álvaro de Souza Camargo, o Edifício Vital Brazil foi o primeiro prédio do Instituto Serumtherapico – antigo nome do Instituto Butantan. Por muitos anos, abrigou além da Biblioteca e da Administração, uma série de salas relacionadas a usos laboratoriais de produção e de pesquisas científicas.
O retrofit teve conceito e projeto básico desenvolvidos pela equipe de arquitetura e engenharia do Instituto Butantan e a concepção do projeto executivo pela Effect Arquitetura. Um dos conceitos principais da reforma foi combinar a preservação da rica história arquitetônica com a modernização das instalações, proporcionando novos usos que se adequassem de forma ideal à grandiosidade do local.
Com um vasto acervo de aproximadamente 4.500 títulos, a renomada Biblioteca Científica do Butantan teve suas obras de reforma e restauração realizadas, com a finalidade de acomodar obras voltadas a biomedicina, microbiologia, imunologia, herpetologia, biodiversidade, saúde pública, medicina, farmacologia e outras áreas correlacionadas, muitos dos títulos têm mais de um século de existência.
O edifício foi dividido em diferentes funções, sendo uma área destinada à Biblioteca Científica, com salas de estudo, pesquisa e leitura, oferecendo um ambiente propício para a busca de conhecimento, além de espaços versáteis para receber cursos, reuniões e programações culturais. Jardim e uma cafeteria compõem a área externa da edificação.
As características arquitetônicas do Edifício Vital Brazil foram meticulosamente preservadas, desde os elementos decorativos tradicionais no estilo Art Nouveau e da Art Déco até os detalhes estruturais, bem como também a icônica fachada, que remete a uma época passada.
RECUPERAÇÃO DAS ESQUADRIAS
Segundo Erick Tonin, sócio-diretor técnico do escritório Effect Arquitetura, as esquadrias da Biblioteca do Instituto Butantan, em sua maioria, foram restauradas anteriormente ao processo de retrofit e adequação do restante do edifício como um todo. O projeto inicial foi desenvolvido por profissionais especializados, contratados e supervisionados pela equipe técnica do Instituto Butantan. Alguns caixilhos, que não entraram nessa primeira fase de restauro, foram desenvolvidos pela equipe do escritório.
“De forma geral, o processo de restauro inicia-se com uma avaliação minuciosa para identificar patologias, danos, rachaduras e outros possíveis problemas em cada uma das peças. Esse passo é importante para avaliar a extensão dos danos e determinar os protocolos a serem utilizados”, informa Tonin. “É necessário também fazer uma prospecção de materiais e cores das esquadrias existentes para poder identificar quais eram as premissas originais e promover sua devida recuperação. Após identificar as patologias e o estado de conservação das peças deve-se fazer um relatório fotográfico e iniciar um levantamento quantitativo e dimensionamento das peças, ferragens e vidros”, completa.
Com todos os dados coletados, a esquadria segue para sua devida recuperação, substituição ou complemento individualmente dependendo do seu estado de conservação. Depois deste processo, as esquadrias são retiradas, numeradas e, após sua recuperação, são reinstaladas e testadas para checagem, segundo Celso Grion, sócio-diretor da Effect Arquitetura.
Ao final, é gerado um memorial e relatório sobre todo o processo, contendo o antes e depois de cada esquadria e um manual de uso e conservação é desenvolvido para que o processo de restauro seja mantido e conservado. “Além disso, são indicadas manutenções regulares e preventivas para que as esquadrias restauradas possam ter sua vida útil prolongada”, diz Tonin.
Grion conta que cada esquadria possuía um estado de conservação e degradação diferente. “As de madeira estavam deterioradas, ressecadas ou rachadas, com sujeira generalizada, partes danificadas, vidros trincados, fechaduras faltantes e pintura deteriorada. As metálicas possuíam deterioração, ressecamento, oxidação de peças, além de vidros trincados e sujeira generalizada”.
MODERNIZAÇÃO DOS ESPAÇOS
Ainda na fase de planejamento, as salas foram redesenhadas para incorporar novas tecnologias e otimizar a eficácia de pesquisas e necessidades laborais. A recuperação da principal edificação da instituição soma o cuidado com o compromisso de mesclar tecnologias, pesquisa científica e testemunho histórico.
De acordo com os arquitetos da Effect Arquitetura, o projeto maximizou o potencial do local para atender às demandas atuais. “Para garantir um fluxo eficiente de atividades e evitar conflitos entre os programas administrativos e os setores laboratoriais, houve um realocamento estratégico dessas áreas. Dessa forma, os setores laboratoriais foram transferidos para outras edificações, otimizando o espaço e promovendo um ambiente de trabalho mais adequado”, explica o escritório de arquitetura.
A acessibilidade também permeou a reforma e rampas, elevadores e outras soluções arquitetônicas foram implementadas para garantir que o Edifício Vital Brazil se tornasse acessível a todos, promovendo sobretudo ciência e arquitetura inclusiva.
“Estamos confiantes que entregamos trabalhos de alta qualidade que honram com a história e legado da instituição e preparam o caminho para um futuro ainda mais brilhante e enriquecedor. Agradecemos a todos os envolvidos que contribuíram nessa jornada e, em especial, à equipe técnica do Instituto Butantan pela parceria e por sempre estar presente em todo o processo de desenvolvimento, para podermos juntos tornar este sonho uma realidade”, diz Grion.
O prédio também ganhou o espaço Semear Leitores, uma novidade para as crianças. A sala propõe introduzir ciência de forma lúdica, por meio da literatura infantojuvenil.
FICHA TÉCNICA
1. CONCEITO E PROJETO BÁSICO DE ARQUITETURA E RESTAURO / OBRA:
Divisão de Infraestrutura da Fundação Butantan:
ARQUITETURA:
Arq. Caroline Tonacci Costa
Arq. Carina Rodrigues Marques
Arq. Filipe do Carmo Souza
Arq. João Tadeu Foa Binsztajn (coord.)
DI. Lucas Marcondes Filho
Eng. Lukas Naoto Neves Hoshina
ELÉTRICA e TELECOM: Eng. Carlos Renato Barros
HVAC: Engª. Ivete Yazigi Roumieh
CIVIL e HIDRÁULICA: Eng. Anderson Almeida Costa
SEGURANÇA e MEIO AMBIENTE: Vanessa Evelin Jesus
FISCALIZAÇÃO DE OBRA:
Eng. Alexandre Odone (coord.)
Eng. Edgar Pereira da Silva Santos
Eng. Marcos Vinicius Roveri Alves
Tec. Juliano Desiderio Pitelli
Tec. Clodomiro Calazans
2. PROJETO EXECUTIVO DE ARQUITETURA, ENGENHARIAS E RESTAURO:
AUTORES - EFFECT ARQUITETURA - Celso Grion, Erick Tonin e Milena Arantes.
COORDENADORES - Letícia Viscondi (in memorian) e Bruno Germano.
MODELAGEM BIM - EFFECT ARQUITETURA
CONSULTORIA DE RESTAURO - Silvio Oksman
RELATÓRIO DE PROSPECÇÕES – Vanessa Kraml
PROJETOS COMPLEMENTARES – Celso Grion, Rodrigo Reis de Paula (Climatização), Rulian Nociti de Mendonça (LandNCiti - Paisagismo), Pedro Spaolonzo Filho (Geólogo), Eduardo Augusto Rossini Kurachi e Otavio Soares do Couto (Consultoria Ambiental).
1. OBRA:
Consórcio RAC Engenharia / ArquiBrasil:
Consórcio RAC Engenharia S.A.
ArquiBrasil Arquitetura e restauração
2. CURADORIA:
Equipe Técnica do Instituto Butantan
Fontes: Effect Arquitetura/Assessoria dc33 Comunicação
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