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Equipe Contramarco

RECICLAGEM DE POLÍMEROS

*Por Juliano Martins Barbosa, professor e pesquisador no curso de Engenharia de Materiais da Universidade Presbiteriana Mackenzie


Popularmente chamados de plásticos, os polímeros são macromoléculas com longas cadeias moleculares, possuindo unidades químicas ligadas covalentemente e que se repetem ao longo da cadeia. Eles podem ser naturais, como seda, celulose, fibras de algodão, ou sintéticos, como polipropileno, poli (tereftalato de etileno), polietileno, poli (cloreto de vinila). Tais materiais possuem propriedades interessantes para inúmeras aplicações e, devido a isso, seu consumo cresce ano a ano, chegando a 367 milhões de toneladas em 2021.


O Brasil representa 2% deste consumo (7,3 megatoneladas - Mt), segundo o perfil da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast). Apesar da existência de uma grande variedade de polímeros, apenas cinco deles (PE, PP, PS, PVC e PET) representam cerca de 90% do consumo nacional, sendo utilizados em embalagens primárias (31%), descartáveis (22%), construção civil (14%), entre outras aplicações. Devido ao consumo significativo, representa fração considerável no Resíduo Sólido Urbano (RSU).


Reprodução: InfoEscola

De modo geral, as indústrias que estão mais interessadas em reciclar seus resíduos são dos segmentos de embalagens e automotivo e contribuem com um índice de reciclagem global de 23,1% de todo plástico consumido. Mesmo assim, por ano, mais de 2,9 Mt de resíduos plásticos acabam em aterros*.


Visando reduzir o descarte deste material, é conveniente que sejam utilizados em aplicações de longa vida útil, como pavimentação, madeira plástica, construção civil, plasticultura, indústria automobilística e eletroeletrônica. Quando o material é descartado, deve ser destinado a reciclagem. A reciclagem dos polímeros pode ser classificada em quatro categorias**.


  • Primária: consiste na utilização dos resíduos industriais em produtos com características equivalentes àquelas dos produtos originais produzidos com polímeros virgens. Por exemplo, aparas que são novamente introduzidas no processamento;

  • Secundária: consiste na utilização dos RSU por um processo ou uma combinação de processos em produtos que tenham menor exigência do que o produto obtido com polímero virgem. Por exemplo, reciclagem de embalagens de PP para obtenção de sacos de lixo;

  • Terciária: processos de produção de insumos químicos ou combustíveis a partir de resíduos poliméricos, também conhecida como reciclagem química;

  • Quaternária: processos de recuperação energética do resíduo por incineração controlada.

A reciclagem primária e a secundária são conhecidas como reciclagem mecânica ou física. O que diferencia uma da outra é que na primária utiliza-se polímero pós-industrial e, na secundária, pós-consumo. A reciclagem terciária também é chamada de química e a quaternária de energética.


O método mais utilizado na reciclagem dos plásticos é a reciclagem mecânica e pode ser viabilizada através do reprocessamento por extrusão, injeção, termoformagem, etc. Para este fim, são necessários alguns procedimentos que incluem as seguintes etapas: separação do resíduo polimérico, moagem, lavagem, secagem, reprocessamento e, finalmente, a transformação do polímero em produto acabado**.


Os esforços atuais estão direcionados no sentido de se obter um produto reciclado que possua propriedades o mais próximas possíveis do polímero virgem, para serem empregados na confecção de materiais com aplicações mais nobres.


Considerados os grandes vilões ambientais, os polímeros podem demorar séculos para se degradarem e ocupam grande parte do volume dos aterros sanitários, interferindo de forma negativa nos processos de compostagem e de estabilização biológica. Além disso, quando descartados em lugares inadequados, como lixões, rios e encostas, causam um impacto ainda maior ao meio ambiente. Portanto, a reciclagem de forma sistemática é uma das soluções mais viáveis para minimizar tal impacto.


Vários aspectos motivam a reciclagem, como economia de energia, preservação de fontes esgotáveis de matéria-prima, redução de custos com disposição final do resíduo, economia com a recuperação de áreas impactadas, aumento na vida útil dos aterros sanitários, redução de gastos com a limpeza e saúde pública, além da geração de emprego e renda**.


Para se garantir o sucesso da reciclagem dos polímeros, é imprescindível a implementação de coleta seletiva e correta destinação dos mesmos aos locais que executam a reciclagem, além da conscientização da população e o investimento em pesquisas na área de reciclagem de polímeros.

Juliano Martins Barbosa. Reprodução: Mackenzie

Referências:

*Abiplast; Link acessado em 24/03/2023;

**Spinace, A. A. S; De Paoli, M. A. (2005). A tecnologia da reciclagem de polímeros; Quim. Nova, 28(1), 65-72


Fonte: Assessoria de Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie


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