*Por Emanuelle Ormiga, sob supervisão da profissional habilitada Stephanie Fazio
O alumínio é o terceiro material mais abundante no planeta, sendo um dos mais utilizados pela indústria. Podendo ser encontrado na natureza em forma de minério, possui boa resistência e diversas aplicações. Diante disso, se apresenta como um grande atrativo para as indústrias, principalmente pela sua economia e praticidade, é encontrado em grande quantidade no Brasil, devido a presença da terceira maior jazida de bauxita do planeta.
O material permite, além da redução do consumo da energia, a diminuição na emissão de gases tóxicos para a atmosfera e a redução do alto volume de lixo encontrado nos aterros sanitários e lixões. Em poucos dias, ele pode ser reaproveitado.
A média para o material voltar a circular no mercado é de apenas 60 dias, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), ressaltando que a reciclagem pode ser feita infinitas vezes ou até o produto não apresentar mais condições de reúso. Esquadrias, latas de bebidas, eletrodomésticos, adjuvante nas vacinas, cápsulas de café e peças automotivas são os principais exemplos de obtenção do alumínio para reciclagem.
O DESCARTE DE ALUMÍNIO NAS OBRAS
De acordo com Filipe Gattera, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal), o segmento de esquadrias de alumínio gera sucata na fase da esquadria pronta para trás, ou seja, “quando as nossas fábricas compram perfis de alumínio para usinar, recortar e serrar.” É nessa etapa que são produzidos os resíduos que, em geral, são reciclados em sua totalidade.
“Quando citamos as obras, há muito pouco que pode gerar sucata de alumínio, apenas quando são feitos alguns ajustes em arremates das esquadrias, ou no caso das demolições, em que a janela que estava chumbada na alvenaria acaba sendo retirada”, explica Gattera.
O presidente informa que, de maneira geral, no Brasil, o descarte de resíduos sólidos, do qual os produtos da construção civil fazem parte, ainda está em níveis inferiores a outros países com maior renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina e África do Sul, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA - Associação Internacional de Resíduos Sólidos, em português). “Atualmente, reciclamos apenas 4% do lixo que poderia ser reaproveitado”, afirma Gattera.
A meta prevista de reciclagem no país é de 20%, de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), o principal instrumento previsto na lei, que estabelece as estratégias, diretrizes e metas para o setor. “O descarte adequado de materiais de construção deverá colaborar para que nosso país consiga atingir metas ambientais tão importantes para a proteção do meio ambiente e para o crescimento sustentável”, informa o presidente.
“A reciclagem de alumínio vem crescendo. O alumínio é valorizado no mercado de reciclagem, com o preço do quilo alto em comparação a outros materiais, como o plástico, por exemplo, sobre o qual chega a valer até sete vezes mais. Por isso, a taxa de reciclagem do produto é altíssima. Segundo dados da Abal, entidade parceira da Afeal, 98% das latas de alumínio consumidas no Brasil hoje são recicladas”, conclui Gattera.
Ricardo Pinto, coordenador de segurança da Hydro Extrusão, extrusora de alumínio, afirma que, nos últimos anos, a construção civil no país tem tido um crescimento maior que o Produto Interno Bruto (PIB) do país e para 2023 a previsão de crescimento é de 2,5%.
BENEFÍCIOS DO DESCARTE CORRETO
Para o coordenador de segurança da Hydro, o descarte correto garante que todo e qualquer resíduo de construção civil não impacte o meio ambiente, causando danos irreversíveis permanentes ou temporários, como a contaminação de água a ser consumida por uma comunidade, por exemplo.
O presidente da Afeal afirma que, além do impacto ambiental, a reciclagem ajuda a reduzir a quantidade de lixo que é descarregada nos aterros sanitários, bem como a quantidade de energia gasta na produção de novos materiais e pode ajudar a reduzir os custos associados à produção de novos produtos, por ser mais barato de adquirir do que o material novo. “O alumínio é um recurso natural finito e o descarte correto de sucata de alumínio ajuda a conservar este recurso. O material reciclado pode ser usado para produzir novos produtos, o que significa que menos recursos naturais são consumidos”, completa.
QUAIS AS OPÇÕES DE DESCARTE?
Existem empresas especializadas em reciclagem de sucata de alumínio. A Hydro possui fornos de fusão nas plantas de Itu (SP) e Utinga (BA), onde o alumínio retorna a sua forma de matéria-prima para a transformação em novos produtos.
A Novelis, por exemplo, é reconhecida como a maior recicladora de alumínio do mundo e produtora de alumínio plano laminado. Operando uma rede integrada de instalações de laminação e reciclagem na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia, a empresa aproveita sua presença global em fabricação e reciclagem para fornecer produtos consistentes em todo o mundo.
“Aproveitamos as propriedades únicas do alumínio para oferecer soluções sustentáveis aos nossos clientes, mantendo um alto nível de insumos metálicos reciclados em nosso portfólio de produtos”, afirma a empresa. O modelo de fabricação reduz, além de energia, água, desgaste dos aterros e emissões de gases do efeito estufa associados às operações, mas também reduz o impacto de carbono dos produtos feitos como o alumínio.
“O alumínio Novelis já provou sua eficiência em inúmeros projetos, tornando nossos produtos arquitetônicos o material de escolha para designs e construções ousadas e distintas. Muitos dos arranha-céus ao redor do mundo apresentam nossas fachadas e coberturas de alumínio”, destaca a recicladora.
A empresa afirma que recicla mais de 82 bilhões de latas de bebidas a cada ano, transformando-as em latas novas em apenas 60 dias, em média. Também criaram o sistema de reciclagem automotiva em circuito fechado, onde recicla a sucata de alumínio decorrente do processo de fabricação automotiva e permite recuperar o máximo possível. “O fechamento do circuito preserva o valor da liga, reduz os custos de reciclagem e transporte, minimiza o impacto ambiental e estabelece uma cadeia de abastecimento segura”, comenta a empresa.
A Novelis detém uma técnica de revestimento em bobinas, que oferece brilhos metálicos e cores atraentes para criar uma boa aparência. “Eles proporcionam excelente conformabilidade e marcante durabilidade, como resultado da excelente flexibilidade e resistência à corrosão e aos efeitos do tempo. Isso significa que as características de alumínio nos edifícios, com manutenção adequada, manterão sua aparência por décadas sem degradação”, informa a Novelis.
LEGISLAÇÃO
A legislação que aborda o descarte de sucatas é a Lei 12.305, de 2010, também conhecida como Política Nacional de Resíduos Sólidos. Os resíduos de sucata comuns, como metais ferrosos e não ferrosos (exceto metais pesados), são considerados como resíduos não perigosos, ou seja, de baixo risco de dano ambiental e devem obedecer a esta legislação.
UTILIZAÇÃO DO ALUMÍNIO RECICLADO EM TARUGOS OU OUTROS PRODUTOS
Gattera afirma que hoje, no mercado de fundição de tarugos, é comum se produzir com reciclagem de pontas de perfis, sucatas de perfis e a utilização de lingote para corrigir a liga de alumínio para que fique ideal para o mercado. “A quantidade gerada de sucata de perfil nas fábricas de esquadrias de alumínio não consegue abastecer a produção total de tarugo, assim, regularmente, é necessária a matéria-prima primária, o lingote de alumínio para completar e corrigir possíveis variações da composição química da liga”, conclui.
O coordenador da Hydro informa que há a utilização do alumínio reciclado nos fornos de refusão nas plantas de Itú e Utinga.
Fonte: Afeal, Hydro Extrusão, Novelis e Coppermetal
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