Fabiola Rago Beltrame, engenheira civil, diretora da qualidade do Instituto Beltrame da Qualidade (Ibelq) e Isabella Nalon, arquiteta debatem o tema e as normas técnicas relacionadas
Quando uma casa é projetada, os principais fatores pensados são a ventilação e a insolação. De acordo com a ABNT NBR 10821-1 — Esquadrias para Edificações, Parte 1: Esquadrias externas e internas - Terminologia, as esquadrias podem ter folhas móveis ou fixas. Caso as folhas sejam móveis, uma das funções é permitir a iluminação e/ou ventilação de um recinto para o outro.
Para que os sistemas construtivos e as esquadrias auxiliem no desempenho térmico da edificação, deve ser levado em consideração o percentual de abertura para ventilação da obra, calculado conforme descrito nesta norma ABNT NBR 15575-4, Edificações habitacionais - Desempenho, Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas - SVVIE, na qual a abertura das folhas móveis das esquadrias têm papel fundamental, de acordo com Fabiola Rago Beltrame, engenheira civil, diretora da qualidade do Instituto Beltrame da Qualidade (Ibelq), docente do curso de engenharia civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie e colunista da CONTRAMARCO.
Na opinião de Isabella Nalon, arquiteta que comanda o escritório que leva seu nome, quanto mais amplos os vãos de abertura para o lado de fora, melhor. “Procuro trabalhar com a ventilação cruzada. Então, quando nós projetamos, observamos os eixos da ventilação para termos essa flexibilidade. Quando temos um apartamento já pronto com as esquadrias e nós percebemos que não tem uma ventilação adequada, sempre que posso mudo a posição de uma parede para facilitar a ventilação”, conta a arquiteta.
A docente explica que ao se calcular a área de ventilação do cômodo, conforme o código de obras do município em que a edificação estiver sendo construída, deve ser considerada a área útil de ventilação.
“Isto significa que uma janela com duas folhas móveis de correr não permite, em nenhuma configuração, mais do que 50% de área de ventilação, sem contar a área que se perde com os perfis. Uma das janelas que permite maior entrada de ar é a conhecida como maxim-ar, pois como o próprio nome indica ela pode ser totalmente projetada, mantendo a folha à 90º”, afirma a engenheira. Durante a utilização desta esquadria, alguns dispositivos devem ser inseridos, como articulações e freios para segurança do usuário, portanto, ela não pode ser utilizada com sua máxima abertura, apenas eventualmente em caso de limpeza, dependendo de sua dimensão, segundo Fabiola.
A tipologia de giro, de eixo vertical (semelhante ao movimento de uma porta) seria a esquadria que permite a maior entrada de ar. Porém, ela também pode apresentar problemas de vedação de ar, água e acústica, se não tiver um bom projeto e uma boa fabricação, conforme a docente. “Portanto, a esquadria deve permitir a ventilação quando aberta, mas deve permitir a maior vedação possível quando fechada e a tipologia que contribui para estas condições é a esquadria com movimentos compostos de girar e de tombar, comumente utilizada na Europa. Mas, também podemos encontrar outras tipologias com boas características de ventilação quando abertas e vedação quando fechadas, que podem ser utilizadas em todos os ambientes de uma edificação”.
Para Isabella, os modelos de correr ou os articulados permitem maior entrada de ar. “Quando faço portas de abrir eu tenho medidas mais restritivas, porque as dobradiças aguentam, mas as portas de correr ou articuladas me permitem um vão maior”, destaca.
VIDROS DE PROTEÇÃO TÉRMICA
Os vidros criam a integração dos ambientes e permitem uma maior luminosidade. A arquiteta recomenda a utilização dos modelos com proteção térmica, pois no verão deixam os ambientes mais frescos e no inverno eles protegem do frio. O desempenho é possível, geralmente, com vidro duplo podendo ser laminado.
Fabiola acrescenta que os elementos transparentes das esquadrias vão contribuir em maior ou menor escala no desempenho térmico, de acordo com a área de superfície dos elementos transparentes e com o fator solar dos vidros. Portanto, vidros com fator solar mais baixos contribuem para a diminuição do aquecimento da edificação em maiores períodos do dia, reduzindo o número de horas de funcionamento do ar-condicionado e o consumo de energia.
“Quando estamos desenvolvendo um projeto, não existe uma única opção de vidro, porque ele irá impactar no tamanho das esquadrias, nos preços, no peso e na escolha do material. Então, as empresas fornecedoras das esquadrias e dos vidros têm o trabalho de junto a nós analisar o que é melhor em um determinado tipo de situação”, informa a arquiteta.
Para saber se a esquadria possui um bom desempenho térmico, a engenheira civil explica que deve-se solicitar a classificação da esquadria, através da etiqueta obtida, conforme a norma ABNT NBR 10821- 4 — Esquadrias para edificações, Parte 4: Esquadrias externas - Requisitos adicionais de desempenho, que irá avaliar a ventilação, o sombreamento, a classificação e desempenho da esquadria, em relação às propriedades citadas anteriormente.
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