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Equipe Contramarco

O SAL PODE SER UTILIZADO NA CONSTRUÇÃO CIVIL?


Fotos: Adrian Deweerdt & Joana Luz


Sabe-se que um dos principais desafios para melhorar a eficiência dos recursos na indústria da construção é identificar materiais que possam substituir os recursos naturais raros.


Assim como há potencial, existem dificuldades associadas ao sal que limitaram seu uso como material de construção: ele é naturalmente propenso à absorção de umidade, suscetível à erosão pelo vento e pela água e pode causar corrosão aos componentes metálicos usados na construção. Isso implica que uma longa lista de critérios deve ser atendida, mas também oferece a oportunidade de explorar certas aplicações em que o sal pode ser benéfico, apesar dos desafios.


Pesquisadores e designers exploraram o sal como material de construção por séculos em algumas partes do mundo, de forma crua, compósita ou processada. Alguns exemplos interessantes incluem um hotel construído a partir de milhões de blocos de sal, um restaurante feito com sal explorado localmente e um pavilhão não construído, no qual os quadros metálicos foram projetados para incentivar o crescimento do sal. Novos usos também surgiram na última década, desde o sal processado usado em painéis de parede flexíveis e nos protótipos de fachada, até objetos impressos em 3D feitos a partir de misturas de sal e amido.


CRISTALIZAÇÃO


Fotos: Adrian Deweerdt & Joana Luz


Há um laboratório de design e pesquisa que deu um passo adiante: "Usando processos de cristalização de sal para desenvolver aplicações inovadoras e fortalecer a histórica indústria de sal local".


A água salgada do delta do rio Rhône, na região da Camarga, no sul da França, tem sido historicamente utilizada para produzir sal. Desde 2017, a usina de cristalização do Atelier Luma se concentrou na criação de usos para o sal produzido pelos fabricantes de sal da região, desenvolvendo materiais que apresentam esse recurso local e mostram seus atributos físicos e estéticos. Usando quadros personalizados, a equipe produziu a primeira série de painéis de sal cristalizados cultivados localmente usando um sistema semelhante a uma fazenda, aproveitando a cristalização natural que ocorre nos campos de sal.


Os designers Henna Burney e Karlijn Sibbel desenvolveram uma maneira de cultivar os cristais de sal "em uma malha de metal colocada debaixo das águas nas salinas". Pesquisas aprofundadas eram necessárias antecipadamente para determinar de que forma condições externas como vento, chuva, temperatura, fluxo de água e umidade afetariam o processo de cristalização.


Para os painéis de sal, era necessário estruturar, delimitar e restringir a cristalização em uma geometria gerenciável. Nesse caso, um quadrado perfeito. Transformando um material naturalmente abundante em uma escala arquitetônica, os profissionais conseguiram encontrar uma configuração para produzir mais de 4 mil painéis exclusivos que foram usados como um sistema de revestimento em forma de vidro para a torre de Frank Gehry para Luma Arles. Cobrindo uma superfície de 560 m², o projeto "Wall of Salt" representa a primeira aplicação em larga escala de sal como material de revestimento.


Como Henna explica, o sal foi escolhido para o projeto "porque é um material naturalmente não inflamável. Esse era um dos requisitos para poder aplicar um material natural nessa área.” E como a cristalização envolve um processo neutro em carbono, os painéis também são altamente ecológicos: "a produção da energia solar (cristalização) não tem impacto negativo no meio ambiente". O projeto estrutural permite que cada painel individual seja removido e substituído quando necessário. Se danificado, eles podem ser recristalizados e restaurados novamente, colocando-os de volta na água das usinas de cristalização. Dessa forma, com uma extensa pesquisa e seguindo restrições específicas, os painéis de sal provaram ser uma solução inovadora capaz de reduzir cargas de calor, resistir ao fogo, adicionando um toque estético exclusivo e contribuindo para a sustentabilidade.


Como Henna explica, uma das principais motivações por trás da usina de cristalização é “provar que é possível pensar no sal de maneira diferente, usando-o como material para aplicações de arquitetura e design”, conclui.


Fonte: ArchDaily

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