*Por Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro, engenheiro civil, professor e pesquisador no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sócio da ENE Consultores e palestrante em eventos do setor
Nas palestras e eventos que participo sobre vidros de controle solar e suas aplicações em edificações, sempre surgem dúvidas que se repetem, mesmo em locais diferentes do país. Na coluna deste mês, eu gostaria de explicar alguns dos mitos mais comuns que envolvem o uso dos vidros de controle solar.
MITO Nº 1: “VIDRO INSULADO É BOM APENAS PARA O FRIO”
Isso não é verdade. A função do vidro insulado é promover maior isolamento térmico para evitar, ou retardar, o fluxo de calor que ocorre por diferença de temperatura entre dois ambientes. Então ele deve funcionar tanto para climas frios, retardando a perda de calor de dentro das edificações, quanto em climas quentes, retardando a entrada de calor do exterior. Da mesma forma, no caso dos refrigeradores, as portas com vidro insulado têm a função de reduzir a entrada de calor da loja para o espaço refrigerado onde estão armazenados os produtos.
MITO Nº 2: “VIDRO LOW-E SERVE APENAS PARA TEMPERATURAS MUITO BAIXAS”
De certa forma sim. Mas também serve para temperaturas muito altas. Explicando melhor, o revestimento metálico de controle solar do vidro low-e possui uma composição específica que resulta numa superfície com menor emissividade – daí vem a expressão “low-e”. Essa característica dificulta a emissão de calor do vidro depois de aquecido, aumentando o isolamento térmico da composição quando a superfície low-e está exposta ao ar. Dessa forma, o vidro insulado composto por um low-e possui maior isolamento do que um insulado comum. Então podemos dizer que o vidro insulado low-e pode trazer maior benefício frente a temperaturas extremas, sejam elas muito baixas ou muito altas. Mas é importante ressaltar que para funcionar dessa forma, a superfície low-e deve estar exposta à câmara de ar e não dentro de um vidro laminado em contato com o PVB.
MITO Nº 3: “CORTINA NÃO SERVE PARA NADA, POIS O CALOR JÁ ENTROU”
Outra lenda do mundo do vidro e fachadas é aquela máxima que diz que “não adianta utilizar sombreamento interno porque o calor já entrou”. Ora, se fosse assim, não estaríamos utilizando cortinas e persianas há décadas (ou séculos). Uma cortina ou persiana interna ajuda sim a reduzir o ganho de calor no ambiente. Primeiro, porque evita que a radiação solar penetre e aqueça grande parte do piso e paredes internas, e segundo, porque mantendo o calor mais próximo ao vidro, facilita sua dissipação de volta ao ambiente externo. Então, cortina ajuda sim a reduzir o ganho de calor e melhorar as condições de conforto térmico interno.
MITO N° 4: “VIDRO DE CONTROLE SOLAR RESOLVE TUDO”
Isso é um problema sério. Muitas vezes sou chamado em projetos que não têm qualquer elemento de sombreamento e uma grande área envidraçada. A meta é resolver tudo com a especificação de um bom vidro de controle solar. Então, sobre esse mito, vou ser bem direto: não, o vidro não resolve tudo! Um bom projeto com eficiência energética tem área envidraçada adequada à orientação solar, com elementos externos de proteção solar, um bom vidro de controle solar, e elementos internos para sombreamento e controle da luminosidade.
MITO NO 5: “VIDRO DE CONTROLE SOLAR É O MESMO QUE VIDRO REFLETIVO”
Falso! Existem diferentes especificações de vidro de controle solar. Algumas mais refletivas e outras com aspecto igual ao vidro incolor. Consequentemente, o desempenho térmico também varia. Um vidro de controle solar altamente transparente pode ter fator solar elevado, ou seja, algum ganho de calor solar. Então, não existe milagre. Se for necessário um grande corte no ganho de calor, certamente o vidro será mais refletivo ou escuro. Mas não dá para dizer que todo vidro de controle solar é refletivo. Depende do nível de desempenho desejado, seja para o controle do calor, seja para o controle da luz.
*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.
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