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JUNTAS DE MOVIMENTAÇÃO EM REVESTIMENTOS: IMPORTÂNCIA E APLICAÇÕES

*Por Felipe Lima Engenheiro civil, professor e consultor em patologia das construções e fundador da Adpat Brasil


Revestimento com pastilhas cinzas e espaço sem pastilhas no cimento
Divulgação

As juntas de movimentação desempenham um papel crucial na preservação da integridade dos revestimentos, especialmente em fachadas. “Elas são projetadas para atuar como juntas de trabalho, cuja função é subdividir o revestimento para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento”, afirmam Luciana Baía e Fernando Sabbatini no livro “Projeto e execução de revestimento de argamassa”.


Os revestimentos dilatam e contraem quando submetidos a variações térmicas e de umidade. Além disso, as movimentações diferenciais entre elementos distintos da base, como a estrutura em concreto e as alvenarias, também geram tensões no sistema de revestimento. Caso não haja espaço suficiente para absorver essas variações dimensionais, essas tensões podem resultar em fraturas, manifestando-se na forma de fissuras.


As juntas, quando bem projetadas e executadas, induzem o local onde ocorrerá a fratura. Nessas áreas, é fundamental prever dispositivos que impeçam que as fissuras permitam a entrada de agentes deletérios, que podem danificar o revestimento, a base e o interior das edificações. As normas técnicas e as boas práticas recomendam, para revestimentos cerâmicos, a colmatação das juntas com selante elastomérico. Já em revestimentos texturizados, pode-se considerar o uso de juntas abertas, desde que sejam observadas a geometria adequada da junta e sua correta impermeabilização.


A Norma Técnica ABNT NBR 13755 é a principal referência que detalha os procedimentos para o projeto e execução das juntas de movimentação em revestimentos. Ela especifica os cuidados necessários quanto à profundidade, largura, posicionamento e fator de forma do selante, com o objetivo de garantir que as juntas sejam projetadas e executadas adequadamente para suportar as movimentações previstas ao longo da vida útil do edifício.


A junta de movimentação é o espaço deixado sem a presença de material, incluindo o revestimento argamassado, com altura mínima de 15 mm e profundidade definida conforme o projeto, podendo alcançar até a totalidade da espessura do emboço. No caso das juntas de dessolidarização, a separação pode ser restrita apenas ao revestimento cerâmico, especialmente em interfaces entre diferentes tipos ou cores de revestimentos e nos cantos das fachadas.


Os materiais mais comuns para o selamento das juntas são: silicone, poliuretano (PU) e materiais híbridos. É importante considerar características como resistência aos raios UV, capacidade de movimentação, dureza Shore, entre outros. Para garantir estanqueidade, flexibilidade e durabilidade, é essencial aplicar o selante com o fator de forma adequada, que geralmente é 2:1, ou seja, a altura do selante deve ser duas vezes maior que a profundidade. Por exemplo, para uma junta de 20 mm de altura, a espessura do selante deve ser de 10 mm.


Para alcançar o fator de forma especificada, deve-se utilizar um corpo de apoio, que além de delimitar a espessura do selante, proporciona uma base para aplicação, evitando a aderência do material no fundo da junta. O selante deve aderir apenas nas laterais, permitindo que trabalhe corretamente em dois pontos.


É também fundamental impermeabilizar a junta antes da aplicação do selante e preparar adequadamente as bordas para receber o material elastomérico.


O posicionamento das juntas deve ser determinado em projeto. Conforme especificado na Norma Técnica ABNT NBR 13755, o espaçamento máximo para as juntas horizontais é de 3 m, e para as juntas verticais, de 6 m. Na prática, considera-se a execução de, no mínimo, uma junta horizontal por andar, posicionada na região de interface entre a alvenaria e a estrutura, no local de encunhamento/fixação, pois é nessa área que ocorre o maior acúmulo de tensões.


No caso de reabilitação de fachadas, a adoção de juntas de movimentação é uma solução viável e amplamente utilizada para o tratamento de fissuras dinâmicas, mitigando seus efeitos a longo prazo. Essas juntas são posicionadas em locais de encunhamento, cantos de janelas e interfaces entre alvenarias e pilares. Se o diagnóstico indicar que as fissuras continuarão presentes ao longo da vida útil da edificação, principalmente devido às movimentações impostas por variações de temperatura e umidade, tratamentos que buscam reforçar o emboço com telas ou utilizar materiais elastoméricos nas fissuras podem não ser eficazes ou duráveis.


Assim, a execução do corte do emboço, seguida de impermeabilização e aplicação do selante, induz a fissura a se formar no fundo da junta, que estará devidamente preparada para impedir a exposição da fissura aos agentes deletérios.


Assim como qualquer outro componente e elemento da construção, as juntas de movimentação exigem manutenção periódica. A inspeção regular dessas juntas é essencial para identificar desgastes ou falhas que possam comprometer sua função e, consequentemente, a integridade do edifício. A escolha do tipo de material para o selante influencia diretamente a periodicidade da manutenção. Por isso, recomenda-se a utilização de materiais com maior resistência, especialmente aos raios UV, o que aumenta a durabilidade e reduz a necessidade de substituições frequentes.



As juntas de movimentação são elementos fundamentais em qualquer edificação. Seu correto dimensionamento, a escolha adequada de materiais e uma execução cuidadosa contribuem significativamente para o desempenho e a durabilidade da construção. O uso de materiais de qualidade, aliado à conformidade com normas técnicas, como a NBR 13755, garante que os desafios decorrentes das movimentações estruturais sejam superados de maneira eficiente.


Além disso, a manutenção regular dessas juntas é indispensável para prevenir problemas futuros, como infiltrações e falhas nos revestimentos. A aplicação adequada das juntas de movimentação contribui diretamente para a longevidade e o desempenho dos revestimentos.


Fontes: ABNT, livro Projeto e Execução de Revestimento de Argamassa e livro Manual de Engenharia Diagnóstica: Desempenho, Manifestações Patológicas e Perícias na Construção Civil


*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.

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