Johnny Vieira de Souza, coordenador do departamento de projetos da Projeto Alumínio, arquiteto e professor universitário, explica o tema
Por Johnny Vieira de Souza
Reprodução: Projeto Alumínio
Todo material possui a tendência de mudar a sua forma, área e volume em razão da mudança de temperatura. O ACM detém camadas geralmente com espessuras de 0,30 ou 0,50mm cada, envolvendo o material do núcleo com espessura de 3 a 3,4 mm. Essas camadas são aderidas umas às outras por meio da coesão.
A razão da expansão do material, chamada dilatação, que ocorre em função da mudança de temperatura, é chamada de coeficiente de expansão térmica do material e varia com a temperatura. Materiais que possuem alto ponto de fusão, geralmente possuem baixo coeficiente de expansão térmica.
Segundo ensaios, o coeficiente de expansão térmica linear do ACM é equivalente ao do alumínio, ou seja, na ordem de 1,2 mm/m em 50ºC (figura 1), a variação na espessura das lâminas de alumínio não é fator preponderante para alterar esta equivalência.
A instalação de módulos de ACM sem juntas de dilatação poderá ocasionar problemas de ordem estética e, em casos mais graves, de ordem técnica, que poderá comprometer a fixação do módulo na subestrutura, seja fixação mecânica (parafusos) ou química (fitas dupla-face), conforme ilustra a figura 2.
Os módulos de ACM, que estão instalados na fachada, expandem e contraem em razão do aquecimento ou resfriamento devido às estações do ano, ou a incidência solar durante o dia. Fachadas que recebem o sol da tarde (voltadas a oeste), devem ter atenção maior, principalmente em regiões mais quentes, pois os módulos instalados nestas fachadas são os que sofrerão dilatação maior.
Na maioria dos casos, os efeitos ocasionados pela falta de espaço entre os módulos são de cunho estético e podem ser mais perceptíveis em determinados horários do dia. A falta de juntas ocasiona a deformação do módulo de ACM, e pode flexionar o módulo para fora (efeito convexo) ou para dentro (efeito côncavo). Outro ponto importante a frisar é que ACM instalado sem junta de dilatação não tem garantia contra deformação e/ou delaminação (desprendimento das lâminas de alumínio do núcleo).
Para evitar problemas relacionados à deformação dos módulos de ACM, é importante dar atenção ao assunto desde o projeto de paginação (definição dos tamanhos dos módulos) até a instalação na obra.
Os elementos mais importantes a serem considerados, relacionados às juntas de dilatação, são:
O coeficiente de expansão térmica linear do ACM (2,4 mm/m a 100ºC) deve estar relacionado diretamente ao tamanho do módulo (paginação) da fachada, ou seja, quanto maior for o módulo, mais espessa será a junta;
A subestrutura deve estar alinhada à junta de dilatação, ou seja, a junta deve estar no centro do perfil da subestrutura. Em resumo, por trás de toda junta de dilatação, deve haver um perfil da subestrutura;
As juntas de dilatação devem ser uniformes, ou seja, não apresentar variações na espessura (um gabarito com a medida exata poderá auxiliar na precisão);
Em fachadas com módulos retangulares, com diferentes medidas, para o cálculo das juntas, deve-se considerar a maior medida. Todas as juntas da fachada (horizontais e verticais) devem seguir esta razão, ou seja, ter a mesma espessura, sendo considerada para cálculo a maior medida, do maior módulo;
Em juntas de dilatação com preenchimento de silicone neutro, deve-se observar, além do coeficiente de expansão linear do ACM, as recomendações de proporção de juntas dos fabricantes de silicone neutro, que geralmente é 2x1, ou seja, duas vezes a largura em relação a profundidade, sendo a profundidade mínima de 4mm. Esta proporção, associada a não aderência do silicone neutro a uma terceira superfície (subestrutura) garantirá adesão sem trincas ou fissuras na movimentação.
Fonte: Projeto Alumínio