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Foto do escritorFernando Simon Westphal

ISOLAMENTO ACÚSTICO DE VIDROS

*Por Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro, engenheiro civil, professor e pesquisador no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sócio da ENE Consultores e palestrante em eventos do setor


Reprodução: Universidade do Som

No texto deste mês eu gostaria de fazer alguns destaques sobre o desempenho acústico de vidros. Vejo muita confusão acerca de alguns conceitos e estratégias divulgadas no mercado. Muitas vezes a estratégia está correta, mas o conceito por trás dela não. Então eu gostaria de explicar alguns pontos.


VIDRO LAMINADO


De modo geral, o vidro laminado apresenta maior isolamento acústico do que um vidro monolítico ou até mesmo insulado, com a mesma espessura total de vidro. Isso porque o laminado apresenta maior flexibilidade. O PVB e o EVA garantem maior amortecimento das ondas sonoras na estrutura interna do vidro.


Conceitualmente, um sistema de elevado isolamento térmico deve ser: pesado, bem vedado e flexível. Quanto mais flexível, maior amortecimento, e menor será a deficiência no isolamento de materiais homogêneos em torno da frequência crítica, onde eles possuem uma redução no controle do som. O resultado é a melhor performance. Isso vale não apenas para o vidro, mas também para outros materiais homogêneos, como o gesso, a madeira e as chapas cimentícias, por exemplo.


O PVB acústico promove melhor desempenho por ser mais flexível, possuindo maior elasticidade do que o PVB comum. Já ouvi comentários tratando o PVB acústico como “mais denso”. Isso não é verdade. Mesmo que fosse mais denso, utilizado numa espessura tão pequena não seria suficiente para incrementar a perda na transmissão sonora do vidro laminado. Na verdade, o que melhora o desempenho, especialmente nas faixas em torno da frequência crítica, é a maior capacidade de amortecimento devido à maior elasticidade do PVB acústico em relação ao PVB convencional.


Outra confusão que existe é sobre vidros laminados assimétricos, ou seja, composições com chapas de diferentes espessuras. Quanto à perda na transmissão sonora, não há mudanças significativas entre um vidro laminado assimétrico, por exemplo 5 + 3 mm, contra outro laminado simétrico de mesma espessura final, como um 4 + 4 mm. O que ocorre na prática é que ao se alterar para uma composição assimétrica, geralmente seleciona-se uma combinação com espessura final maior. Por exemplo, uma instalação onde inicialmente era previsto um vidro laminado de 6 mm, sendo formado por 3 + 3 mm, a substituição por vidro assimétrico irá levar a uma composição de no mínimo  4 +3 mm. O resultado é um aumento de 17% no peso do vidro (massa superficial, em kg/m²), e pode resultar numa variação de alguns dB (decibels) na perda de transmissão.


VIDRO INSULADO


O vidro insulado só irá proporcionar maior isolamento acústico se for composto com uma câmara de ar maior do que 20 mm de espessura e com vidros de espessuras diferentes.

O ar não é um bom isolante acústico. Se fosse assim, não teríamos um bom desempenho da fala numa sala de aula, num auditório, ou mesmo dos instrumentos musicais numa sala de espetáculos.


O que faz o vidro insulado ter um bom desempenho acústico é o efeito de “desacoplamento”, ou seja, a separação entre as superfícies. Ao criar duas divisórias de vidro, o som precisa vencer a mudança de meio do ar para o primeiro vidro, depois do vidro para a câmara de ar, da câmara para o segundo vidro e, por fim, deste vidro para o ar do outro ambiente. Todas essas transições dificultam a propagação do som, aumentando o isolamento acústico da composição. Mas isso só se torna efetivo se houver uma grande câmara de ar, uma grande distância entre um vidro e outro. Com espessuras abaixo de 20 mm não há um benefício significativo, pois ocorre o “efeito pistão”, e os dois vidros vibram em conjunto transmitindo o som como se fosse uma única peça. Com câmaras de ar mais espessas, os vidros tenderão a vibrar de forma independente, cada um isolando o ruído à sua maneira. Por isso é importante utilizar espessuras diferentes de vidros. Cada um atua barrando as ondas sonoras onde o outro tem dificuldade de se isolar. O efeito de espessuras diferentes não ocorre no vidro laminado porque não há a troca de meio de propagação significativa entre as duas chapas.


TAMANHO DA PEÇA


Por fim, vale ressaltar que o tamanho da peça é importante. As medições de chapas de vidro feitas em laboratório são para peças relativamente pequenas, da ordem de 1 m² de área, e num ambiente altamente controlado, isento de frestas e pontes acústicas (os chamados flankings). Na prática, com o uso de peças maiores, seja em grandes janelas ou portas, o isolamento do vidro será menor do que o aferido em laboratório e ainda terá toda a influência da montagem nas esquadrias, frestas e flankings existentes na edificação.


A tabela abaixo apresenta o isolamento acústico de algumas composições de vidro, onde é possível observar o incremento no isolamento acústico do monolítico para laminado, e o benefício do PVB acústico. A última composição da tabela é um vidro insulado de laminados assimétricos, onde um deles possui PVB acústico. Essa composição atinge o isolamento equivalente à uma parede de alvenaria, com Rw de 43 dB (Rw é o índice de redução sonora ponderado).


Na prática, a instalação dessas peças em uma esquadria pode resultar em quedas de mais de 10 dB no isolamento dos vidros, aferido em laboratório. 


*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.


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