ACM sem garantia de procedência ou com tecnologia de pintura não adequada às condições climáticas da obra, trará baixa vida útil ao material, com patologias irreversíveis
*Por Johnny Vieira de Souza – consultor de ACM, responsável pelo departamento de projetos da Projeto Alumínio, arquiteto e professor universitário
Os painéis de ACM ganharam as fachadas do Brasil, principalmente a partir dos anos 2000, quando a utilização começou a se popularizar nos empreendimentos comerciais. Na época, as chapas eram importadas e não havia a quantidade de séries e tecnologias de pintura que existem atualmente.
O Brasil é um país de dimensões continentais, que possui características climáticas muito diferentes entre as regiões, estados e até mesmo dentro do próprio município, principalmente nas metrópoles litorâneas. O Rio de Janeiro é um exemplo claro que, dentro da mesma cidade, há cenários de condições climáticas diferentes que influenciarão no tipo de série (tecnologia de pintura) a ser instalada na obra, dependendo da sua localização. Estar atento ao endereço da obra e às condições de aplicação do material (método de instalação e ao projeto técnico) são fatores indispensáveis para a especificação e compra da série de ACM adequada.
Desde que começaram a ser fabricados no Brasil e a partir da evolução das tecnologias de fabricação e pintura, houve um aumento vertiginoso tanto no uso do ACM para outras aplicações (leia mais aqui) como na variedade de séries, com características físicas, técnicas e valores diferentes entre si (leia mais aqui).
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E TÉCNICAS DO ACM
As características físicas são mais fáceis de serem identificadas, basta ter um paquímetro, já que são geralmente atribuídas às espessuras das lâminas de alumínio (externa e interna) e à espessura total do painel. Estas características conferem ao material melhores condições mecânicas e interferem, por exemplo, no tamanho dos módulos (paginação) e no método de instalação.
Já as características técnicas são difíceis de serem identificadas e necessitam de testes laboratoriais específicos, muitos deles com custo elevado, que podem durar meses para ficar prontos, para atestar a qualidade de desempenho do ACM nos elementos técnicos voltados a pintura, lâminas de alumínio, laminação (fixação das lâminas no núcleo), tipologia e qualidade do núcleo (FR ou LDPE) (leia mais aqui).
Solicitar atestado ao fabricante de ACM sobre a qualidade da matéria-prima (fornecedores), além dos processos de pintura e laminação (junção das lâminas ao núcleo), são elementos que poderão comprovar melhores ou piores condições de vida útil ao material, principalmente quando estiver instalado, recebendo as intempéries daquela região.
QUAL O CUSTO DA CHAPA DE ACM NO VALOR TOTAL DO SISTEMA CONSTRUTIVO?
É importante destacar que instalar um ACM de alta ou baixa performance terá o mesmo custo de acessórios, mão de obra e equipamentos. Em instalações no geral, nas quais o ACM tem finalidade de revestimento arquitetônico, o valor da chapa equivale de 20% a 30% do custo total do sistema construtivo pronto, ou seja, economizar na compra do material poderá trazer sérias consequências à obra e não representará grande diferença no custo total do sistema completo (ACM, subestrutura, acessórios, equipamentos e mão de obra).
A substituição de uma fachada de ACM com patologia (seja ela qual for), pode se tornar mais cara que a própria instalação inicial do material a ser substituído, isso porque deverá ser incluso a remoção do painel defeituoso, realizar o pré-preparo da subestrutura para receber o novo painel, além de acessórios, equipamentos, mão de obra para reinstalação e beneficiamento do novo ACM, sem contar os transtornos da reforma em uma edificação já em uso. Estes fatores devem ser levados em consideração no momento da aquisição do ACM.
PATOLOGIAS DO ACM
É válido destacar que, de todos os possíveis problemas do ACM, 90% estão relacionados com a pintura (processo de aplicação ou a tinta em si) e 10% com a laminação (aderência das lâminas ao núcleo). Diferentemente de outras tintas e processos fabris, a tinta do ACM é específica para aplicação em processo de pintura realizado através de rolos (coil coating), por meio de camadas finas (medidas em micras), com excepcional desempenho (longa vida útil) na retenção de cor e brilho em condições externas.
Para se ter noção, a pintura de um ACM de série de alta performance chega a 50µm (micras), considerando todas as camadas (incluso primer), já uma pintura automotiva pode ser de 2 a 3x mais espessa. Um fio de cabelo tem cerca de 75µm (micras). Um micra é igual a um milésimo do milímetro, ou seja, um milímetro (1 mm) tem mil micras (1.000µm).
O custo do fabricante com a tinta que tenha a tecnologia para performance em obras que estão classificadas em regiões com alto índice de corrosão, de C3,0 a CX (ISO 9223), ou em outras regiões, que o ACM necessita de vida útil prolongada (uso externo em fachadas), pode ser alto e requer processo complexo de aplicação, que vai desde a lavagem ao tratamento químico do alumínio, até a etapa de cura da tinta.
Já a qualidade da laminação no processo da extrusão, ou seja, que confere performance na aderência das lâminas ao núcleo para evitar a delaminação correspondem aos outros 10% das possíveis patologias do ACM e requer qualidade no controle produtivo, investimento na linha de laminação, principalmente na matéria-prima e no processo que envolve a extrusão.
A patologia de pintura é um item levado a sério na Projetoal (maior fabricante nacional de painéis de alumínio composto), a empresa tem parceria exclusiva com diversos produtos da Sherwin Williams no Brasil. Devido a este fator, a fabricante de ACM conta com um técnico da fabricante de tintas dentro de suas dependências, em tempo integral, vistoriando o processo de pintura. Além deste fator, a Projetoal conta com dois laboratórios voltados a processos de aplicação da tinta e controle de qualidade, que inspeciona o processo fabril antes, durante e depois da aplicação. É importante ressaltar que, não basta aplicar uma tinta de qualidade, é necessário atentar-se aos processos de desengraxe, tratamento químico e cura da camada de tinta sobre o alumínio, para conferir qualidade e vida útil do acabamento a longo prazo.
A Projetoal possui um sistema de extrusão exclusivo no Brasil, e muito pouco usual no mundo, já que é uma tecnologia de alto custo de implantação. Este processo é chamado de co-extrusão, sendo baseado em cola granulada misturada ao núcleo durante o processo de junção das lâminas. Este sistema confere poder de adesão até 2x superior ao sistema convencional que utiliza cola filme ao invés da granulada. Já na fabricação do painel com núcleo FR (resistente a chamas), o processo da Projetoal poderá ser até 3x superior ao convencional, graças a um segredo industrial incorporado no processo.
TERMO DE GARANTIA, GARANTE O QUE?
O termo de garantia de um fabricante, seja ele qual for, é um documento que, na maioria das vezes, assegura somente defeitos de fabricação. Por lei, no Brasil, um produto durável deve ter garantia de 90 dias a partir da compra. A partir deste prazo, o fabricante poderá promover a extensão da garantia dentro do prazo e condições que julgar necessárias para tal.
Empresas que não possuem seriedade ou que fabricam materiais inferiores, acabam criando regras sem rigidez para manter o produto dentro das condições estabelecidas em prazos estendidos de garantia. Em outras palavras, mesmo estando visualmente danificados, os produtos que estão dentro dos parâmetros da própria fabricante não serão trocados.
Neste caso, é importante distinguir o que é performance. Diferentemente da garantia (que pode ser atribuída com regras próprias e flexíveis), a performance pode ser definida como o desempenho mensurável ao longo da vida útil do material. A performance do ACM deve ser traduzida pela qualidade do produto medida ao término da sua garantia. A pergunta que fica é, daqui a vinte anos, como o ACM da sua fachada estará?
A garantia do ACM geralmente é pro rata temporis, ou seja, proporcional ao tempo de uso, e normalmente está associada a fatores de vão desde a manutenção até a instalação. Embora seja fundamental adquirir a série correta de ACM para a região na qual está a sua obra, a garantia formal (escrita) não é garantia que o produto irá ter vida útil com performance depois do período finalizado.
Um elemento importante a destacar é o índice de perda de cor e brilho (desbotamento), que pode ser determinado pelo fabricante (do ACM ou da tinta), ou seja, dependendo da tecnologia de pintura, a chapa poderá ter um desbotamento acentuado, sem que esteja fora dos parâmetros estabelecidos pelo fabricante do ACM, mesmo visualmente não estando agradável.
A Projetoal possui parceria exclusiva no país com a Sherwin Williams (fabricante de tintas), nas séries COASTAL (leia mais aqui), Weatherxl (leia mais aqui) e no sistema de proteção Coat Guard (leia mais aqui), com pintura de até 40 anos em alta performance, ou seja, com baixos índices de perda de cor e brilho.
MAPA DE CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL PARA TAXA DE CORROSÃO ATMOSFÉRICA (ISO 9223) ELABORADO POR ENGINEERING DIRECTOR INC. (EDI)
Conforme discutido, existem diversos tipos de séries de ACM para várias finalidades de aplicação e localidades, que possuem características ambientais diferentes.
Acesse o link para o mapa que apresenta os índices de condição ambiental, insira o endereço da sua obra e veja a classificação que varia de C1 (muito baixo) a CX (extremo).
A localização da sua obra, além da utilização do revestimento, projeto e instalação, definirá qual o tipo de série de ACM deverá ser utilizada. Em caso de dúvidas, contate o departamento técnico da Projetoal pelo telefone (17) 4009-8236.
*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.
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